Brasília sediou, na quinta-feira (21), o 1º Fórum Nacional de Radiodifusão, que reuniu mais de 400 profissionais de rádio e TV de todo o país, além de presidentes de associações estaduais de radiodifusão, engenheiros de telecomunicações e representantes do governo.
Promovido pelo Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), o fórum debateu o atual panorama do rádio e da TV no Brasil, os principais desafios e as soluções para a desregulamentação e desburocratização do setor.
Na abertura do encontro, o ministro Marcos Pontes ressaltou a importância do rádio e da TV como instrumentos essenciais que levam cultura, educação e entretenimento gratuitos para toda a população brasileira.
“Queremos ouvir vocês, radiodifusores, que estão na ponta e trabalham para que a informação de qualidade chegue a todos os brasileiros. Queremos entender as demandas para que encontremos as melhores soluções para o país,” disse Pontes.
O presidente da ABERT Paulo Tonet Camargo participou do painel que discutiu o presente e o futuro da radiodifusão comercial no Brasil. Tonet lembrou as conquistas recentes do setor, como a flexibilização do horário da Voz do Brasil, o término da propaganda partidária e a atualização da regulamentação da profissão de radialista e defendeu a conclusão da migração do rádio AM/FM e da implementação da TV digital em todo o Brasil.
Entre os desafios para o setor, Tonet destacou o desbloqueio do chip FM nos celulares produzidos no país.
“Seguimos na luta para celebração de um convênio com a indústria que permita que os aparelhos de telefonia móvel produzidos no país cheguem ao consumidor com o chip FM embutido e, principalmente, ativado”, disse.
De acordo com dados da ABERT, atualmente, cerca de 60% dos celulares têm o FM ativado. “Precisamos chegar à totalidade. Hoje, parte significativa da audiência do rádio está nestes receptores, levando informação e entretenimento à população brasileira”, afirmou Tonet.
Ao finalizar o discurso, Paulo Tonet Camargo ressaltou que a ABERT continuará na luta para evitar que as rádios comunitárias sejam transformadas em rádios comerciais. “Este tema é uma questão de honra para as rádios comerciais do Brasil, que passaram por um processo licitatório e pagaram ao Estado pelo espectro usado, que empregam e investem, e, com independência, levam informação e entretenimento a cada recanto do país”, disse ele.
No período da tarde, o jornalista Alexandre Garcia debateu os impactos das notícias falsas para a sociedade e defendeu o jornalismo profissional no combate às fake news.
“Mudar o fato é falsidade ideológica. Nós não somos mais importantes que o fato. Nós somos submetidos ao fato, escravos do fato. É preciso manter uma distância sanitária do poder, não se envolver e, assim, praticar o bom jornalismo”, destacou o jornalista.
O diretor geral da ABERT, Cristiano Lobato Flores, também participou do evento e falou sobre as propostas de desregulamentação do setor. O painel teve a presença do diretor de Engenharia e Tecnologia da rádio e TV Bandeirantes, José Chaves, e do engenheiro da Abratel, Wender Almeida de Souza.
Segundo Flores, novas plataformas de comunicação surgiram com o desenvolvimento tecnológico e faturam com publicidade, mas não são reguladas como o rádio e a TV. “Nosso setor é o mais regulado. No passado, o excesso de regulação até poderia se justificar, pois existiam menos tipos de veículos de comunicação. Mas hoje temos novos players que não se apresentam como veículos de comunicação e acabam não sendo regulados, o que resulta em uma assimetria regulatória. Em um mercado novo, com novos concorrentes, entendemos que é necessário discutir uma desregulamentação do setor”, afirmou ele.
O fórum também contou com a presença do secretário de Radiodifusão do MCTIC, Elifas Gurgel, do presidente da Seja Digital, Antônio Martelleto, do diretor geral da Associação Internacional de Radiodifusão (AIR), Juan Andrés Lerena, do representante do Fórum SBTVD, Roberto Franco e do presidente da AESP, Paulo Machado de Carvalho Neto.