Em audiência pública na Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) do Senado, realizada na última segunda-feira, especialistas alertaram para uma ‘grave crise’ de mobilidade urbana no país.
Para se ter ideia, mais da metade da população já se desloca por transporte individual, conforme destacou no debate o presidente da Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos, Otávio Vieira. Para o senador Paulo Paim (PT-RS), que requisitou e presidiu a audiência, o melhor caminho é um transporte coletivo de qualidade e o incentivo a seu uso, o que pode passar por programas de reeducação. “Para isso estamos discutindo também o Estatuto do Motorista, que pode ter viés educativo.
A proposta também tem foco na diminuição de acidentes e na melhoria da qualidade de vida dos motoristas”, afirmou, em entrevista à Abert. De acordo com o senador, a comissão está atenta ao problema e, por isso, planejou um ciclo de debates sobre mobilidade pública. Ainda neste mês serão realizadas outras duas audiências sobre transporte ferroviário, metroviário e hidroviário e violência no trânsito.
Confira trechos da entrevista.
1) Segundo especialistas, mais da metade da população brasileira já se desloca por transporte individual. A mobilidade urbana no país está em crise?
Sim, está comprovado que o trânsito nas cidades será inviável e entrará em colapso se todos continuarem a se deslocar até o trabalho com o seu veículo próprio e se não houver investimentos no transporte coletivo. Infelizmente chegamos a esse limite porque o Brasil optou pelo transporte via rodovias, abandonando totalmente o transporte ferroviário. É bom que as pessoas tenham carro, mas a infraestrutura brasileira é frágil e não suporta que todos se desloquem de carro, seja para o trabalho, para a escola ou para o lazer.
2)Quais são as opções para que o problema seja minimizado?
O melhor caminho, como os próprios especialistas apontaram, é um transporte coletivo de qualidade e o incentivo de seu uso. Durante o debate no Senado foi defendida a combinação de sistemas rápidos de ônibus com linhas de metrô, vias para bicicleta e adequação de calçadas para pedestres. É importante também a integração física dos modais de transporte coletivo, interligando ciclovias, aquavias e ônibus locais, com estações de metro e de trens regionais.
3) O inchaço de carros nas ruas também passa por uma questão de mentalidade?
Com certeza. É preciso reeducar a população para desestimular o uso individual do carro e estimular o uso do transporte coletivo. O sistema de transporte urbano de alguns países, por exemplo, principalmente em grandes centros urbanos onde há fluxo intenso, permite que o cidadão vá de carro até um determinado ponto e, de lá ele usa um veículo alternativo, desde motos até bicicletas. Para isso estamos discutindo também o Estatuto do Motorista, que pode ter viés educativo. A proposta também tem foco na diminuição de acidentes e na melhoria da qualidade de vida dos motoristas
Assessoria de Comunicação da Abert