O diretor de Rádio da ABERT, André Cintra, anunciou que, por iniciativa da Associação, já houve uma reunião com o Grupo de Infraestrutura Crítica do Governo Federal, ligado à Presidência da República, para pedir apoio a um projeto de lei que obriga a ativação do chip do rádio FM nos aparelhos celulares.
Cintra falou aos participantes do painel “O FM no celular e o rádio no painel do carro – caminhos para o futuro do rádio”, realizado nesta quarta-feira (23), no SET Expo, em São Paulo (SP).
“O que nós queremos é que os celulares disponibilizem o chip com rádio FM integrado para oferecer aos ouvintes o serviço de forma gratuita, sem a necessidade de acesso à internet. O ouvinte poderá escutar a programação das emissoras sem precisar fazer download. Além de poupar bateria, economiza também o pacote de dados de internet", explica.
De acordo com Cintra, um estudo realizado pela ABERT mostra que dos 235 modelos de celulares à venda no mercado, 56 não dispõem de rádio FM integrado (24%). Em 2015, 79% dos celulares vendidos tinham rádio FM no celular. Atualmente, são 76%. “Os smartphones saem de fábrica sem o chip FM ser ativado e forçam o ouvinte a escutar o rádio por meio de aplicativos que precisam ser baixados e dependem de internet”, afirma.
Para Alexandre Barros, presidente da Associação das Emissoras de Radiodifusão do Paraná (AERP), é preciso uma atenção especial ao tema. “Eu digo que a Apple, que produz o iPhone, é uma companhia hostil ao nosso negócio, por conta da política industrial de não ter rádio no celular”, afirmou ele. Barros defende uma maior conscientização do setor para a importância de preservação do rádio FM, de forma gratuita. Além de defender a regulamentação, por lei, da presença do chip FM no celular, Barros afirmou que é “preciso educar e trabalhar o ouvinte para usar o rádio no celular”.
“Daqui a 10 anos não vejo outra forma de estarmos conectados senão por um dispositivo móvel. Se nós não brigarmos hoje para que a indústria fabrique celulares com rádio FM integrado, ficaremos dependentes das companhias privadas e da internet para ter acesso ao serviço. Perderemos a independência e consequentemente os ouvintes para outros formatos”, diz. “Tem muito profissional da radiodifusão usando aparelhos celulares que não oferecem rádio e isso é fomentar o comércio deles, é ir contra o que pregamos”, reclama.
Segundo o vice presidente de Educação Tecnológica e Outreach da NAB, Skip Pizzi, nos Estados Unidos, a ausência do recurso ainda é uma preocupação e a solução encontrada foi pagar a fabricantes das principais marcas de celular do país para que incluíssem nos aparelhos o chip de rádio FM. “Nos EUA tínhamos uma realidade diferente do Brasil em que quase 95% da população consumia smartphones sem rádio FM integrado. Por isso, pagar aos produtores foi a solução que encontramos. Hoje, ter rádio no celular virou um diferencial competitivo e outras empresas começaram a incluir o chip sem receber nada por isso”, diz.
No Brasil, as associações de radiodifusão estão trabalhando na conscientização sobre a importância de ter rádio FM gratuitamente no celular. A ABERT lançou a campanha “Smart é ter rádio de graça no celular” e a AERP, o “Projeto Radiophone”, com campanhas de marketing sobre o assunto.
Também participaram do debate o diretor da SET, Marco Túlio Nascimento e Mathias Oeelein, da Radio Data Center (RDC).