O painel “Tecnologia, programação e entretenimento a favor do rádio” abriu a tarde de quarta-feira (22) no 28º Congresso Brasileiro de Radiodifusão. Os palestrantes, que atuam no rádio de diferentes formas, falaram sobre técnicas para atrair ouvintes e prioridades na criação da identidade sonora da emissora.
Segundo Henrique do Valle, dono da produtora de jingles ReelWorld, são quatro passos principais: definir o perfil da rádio e o público que será atingido; planejar um conteúdo diferenciado das concorrentes; ter um quadro de locutores e jornalistas que façam da locução uma identidade da emissora e definir a plástica da rádio.
Henrique também destacou a importância de a rádio ter conteúdo para a internet. “Faça um resumo do seu dia na rádio para colocar na internet. Assim seu ouvinte que não conseguiu te acompanhar, vai ouvir a sua rádio na hora que ele quer”.
Marco Túlio Nascimento, da ZY Digital, falou da importância de os celulares saírem da fábrica com o rádio FM integrado. “Estamos em vantagem. Apenas 12% da população brasileira usa iPhone, celular que não tem chip de rádio desbloqueado. Os demais 88% têm acesso gratuito ao rádio, sem consumir bateria, por meio de seus celulares android. Temos que usar isso a nosso favor”, disse.
Nascimento também apresentou tecnologias já disponíveis no mercado que, segundo ele, em breve estarão em todas as casas. “A Alexia, da Amazon, por exemplo, é ligada pelo comando de voz e entende todos os pedidos que o seu dono fizer. Temos que criar conteúdos pensando nessas tecnologias do futuro. Para que as pessoas acordem de manhã, liguem a Alexia e escutem o conteúdo da sua rádio que, por exemplo, fala as cinco principais notícias do dia”, disse.
Segundo o músico e radiodifusor Rogério Flausino, as tecnologias são boas, mas jamais substituirão o rádio. “Eu acredito muito no rádio como uma instituição de apontamento, ele é um companheiro do ouvinte no dia a dia. Por mais que se tenha spotify e outros recursos, o rádio vai além. O rádio traz conteúdo e informação”, disse ele.
Musico há pelo menos 20 anos, Flausino contou que o rádio foi o responsável pelo sucesso da banda Jota Quest. “Eu batia na porta das rádios de Belo Horizonte e pedia para tocarem minhas músicas. Ouvi tanto que comecei a bater nas rádios e perguntar se precisavam de locutor. Eu só queria estar lá dentro para poder tocar o meu som”.
Segundo Flausino, o rádio é responsável por manter as músicas dos artistas vivas no dia a dia. “Há uma relação intrínseca entre o rádio e o artista. Por isso, nós radialistas temos que entender que existe uma responsabilidade grande no rádio. É o compromisso com a cultura de uma forma mais ampla”.
Flausino comanda há quase quatro anos a Mais FM em Alfenas (MG). Segundo ele, é uma forma de retribuição ao rádio. “Ainda sou um menino em fazer rádio, estou começando. Mas estou muito feliz em fazer parte deste congresso e quero estar em muitos outros”, concluiu.