Engenheiros, empresários, comunicadores e representantes do poder público participaram na terça-feira, 21, da abertura do SET Broadcast & Cable, principal evento de tecnologia em equipamentos e serviços para engenharia de televisão, rádio e novas mídias da América Latina. Organizado anualmente pela Sociedade Brasileira de Engenharia e Televisão (SET), em São Paulo, o evento terminou nesta quinta-feira.
Em seu discurso, a presidente da entidade Liliana Nakonechnyj destacou os desafios que o setor de TV enfrentará nos próximos anos com a transição tecnológica. O maior deles será garantir que o serviço continue a ser prestado e com qualidade à população das grandes cidades e do interior do país.
Para isso, Liliana afirmou que serão necessários ajustes no planejamento de canalização da TV Digital e disse que só será possível prever uma liberação de espectro para outros serviços, como o 4G, após a completa migração do padrão analógico para o digital. Ela citou estudo realizado por engenheiros da entidade que mostra que a transição tecnológica demandará mais canais do que se imaginava até então.
“Ajustar no papel é rápido, entretanto, há toda uma logística envolvida na migração, que passa por troca de transmissores e de antenas. Às vezes também é necessário mudar o local da estação, o que demanda um prazo. É algo de que ninguém fala, mas que é preciso ser discutido”, ressaltou.
O secretário de Comunicação Eletrônica do Ministério das Comunicações, Genildo Lins, enfatizou que a TV aberta no Brasil é diferente de todo o resto do mundo e assegurou que o governo não tomará nenhuma decisão sem que a radiodifusão tenha segurança de manter a transmissão de seus programas com qualidade.
Segundo ele, o governo decidiu que o apagão analógico será feito de forma escalonada e seu início será antecipado para 2015. O switch off começará por regiões de grande adensamento populacional e de espectro, como São Paulo e Rio de Janeiro, e poderá ser postergado para depois de 2016 em cidades do interior. “O Brasil é muito grande, é humanamente impossível garantirmos a população o acesso a TV de um dia para o outro e simplesmente obrigar o desligamento analógico”, disse.
Lins também destacou que, a partir de 2015, todos os processos de radiodifusão estarão informatizados, graças a uma parceria entre o Movimento Brasil Competitivo, a ABERT e o governo para modernizar a gestão regulatória do setor. Outro ponto importante destacado pelo secretário é a possibilidade de liberar o aumento automático de potência de emissoras, proposta ainda em estudo.
O presidente da Abert, Daniel Slaviero, elogiou o empenho do Ministério das Comunicações em reestruturar a gestão dos processos de radiodifusão e sugeriu que o setor e o poder público encontrem uma solução para resolver “em atacado” o enorme passivo de procedimentos que a atual gestão do ministério herdou.
Slaviero também destacou que o setor reconhece a importância de novas tecnologias e ponderou que sua implementação não deve prejudicar a radiodifusão livre, aberta e gratuita. É grande a pressão internacional que o governo brasileiro e a radiodifusão vem sofrendo para ceder a faixa de 700 MHz às empresas de telecomunicações, lembrou.
“O ministro Paulo Bernardo chamou a Abert para o diálogo e colocamos a premissa de que não se pode restringir o acesso da população à televisão aberta, seja na tecnologia analógica ou na digital. Essa premissa foi prontamente atendida pelo ministro e, agora, mais do que nunca, os estudos feitos pela SET com respaldo técnico são muito importantes”, afirmou.
O presidente do Fórum do Sistema Brasileiro de TV Digital, Roberto Franco estimou que até o final de 2015 o país contará com 70 milhões de televisores com recepção digital. Segundo ele, o adiantamento do switch off nos grandes centros poderá acelerar ainda mais a penetração da TV digital. “Chegamos a uma cobertura de 47% da população. Os próximos 53% serão muito mais difíceis”, disse Franco, referindo-se à interiorização do sinal.
Assessoria de Comunicação da Abert