A Associação Nacional dos Radiodifusores dos Estados Unidos (NAB, na sigla em inglês) entrou com um pedido na Apple para que a multinacional norte-americana passe a fabricar aparelhos iphone com chips de rádio desbloqueados.
Desde 2009, os celulares iphone são fabricados com chips capazes de captar as ondas do rádio FM. No entanto, os dispositivos saem das fábricas desativados, ou seja, o hardware é bloqueado.
Para a NAB, altos custos de dados de internet poderiam ser evitados e baterias poupadas caso os aparelhos fossem equipados com o chip de rádio FM.
“Ouvir por streaming [pela internet] drena a bateria do aparelho de três a cinco vezes mais rápido do que se o mesmo conteúdo fosse ouvido pelo chip FM. Além disso, seria um recurso crítico em caso de emergência”, justifica a associação.
O estímulo ao uso e à compra de smartphones com chips de rádio FM é também uma das bandeiras da Abert. A entidade lançou no fim do ano passado a campanha “Smart é ter rádio de graça no celular”, para sugerir aos consumidores a opção de escolher celulares com chip de rádio FM na hora da compra.
Segundo o diretor-geral da Abert, Luis Roberto Antonik, os chips de rádio nos aparelhos celulares desviam a atenção do consumidor da principal finalidade das companhias telefônicas: o consumo de pacote de dados. “Por isso, muitas operadoras pedem que os fabricantes inibam os receptores de rádio dos aparelhos que compram para revender aos seus respectivos clientes”, avalia.
De acordo com levantamento da Abert, de 240 modelos de celulares pesquisados, 88% são equipados com chip de rádio FM. Esse percentual chega a 99% nos celulares que custam entre R$ 300 e R$ 700, mas cai para 62% na análise dos smartphones acima de R$ 1mil.
“Não parece haver explicação técnica para o fato. Afinal, o espaço interno já é ocupado por chips que possuem ou poderiam possuir a capacidade de receber a frequência de rádio, ficando a antena a cargo do fone de ouvido externo. Essa parece ser definitivamente uma decisão empresarial”, opina Antonik.
Na avaliação do diretor-geral da Abert, a exclusão de chips de rádio FM nos celulares traz consequências que vão além da manutenção de um plano de negócios das empresas de telefones. “A coletividade perde em situações de emergência e de socorro humanitário. Quando as redes de telefonia caem ou estão lentas demais, o rádio continua funcionando e divulgando informações cruciais naquele momento crítico, e para um grande número de pessoas”, destaca Antonik.
A Federal Emergency Management Agency dos Estados Unidos, por exemplo, recomenda o uso de smartphones equipados com FM para que a população norte-americana mantenha-se informada durante crises, catástrofes ou evento climático. “Os fabricantes teriam pouco ou nenhum custo para incluir chips de rádio nos celulares. Os chips pesam menos de 1 g e praticamente não têm impacto sobre a carga da bateria”, defende o diretor-geral da Abert.