Após inúmeras manifestações de repúdio contra o agravamento dos atos de censura e ataques aos meios de comunicação da Nicarágua, promovidos pelo governo do presidente Daniel Ortega, a AIR (Associação Internacional de Radiodifusão) discutiu o assunto com as entidades associadas que, juntas, prepararam a “Declaração pela Liberdade de Expressão na Nicarágua”.
A reunião em San Salvador, capital de El Salvador, na sexta-feira (25), contou com a presença de 12 representantes de associações e veículos de comunicação das américas do Sul e Central e com o depoimento do diretor da Rádio Dario, Aníbal Toruño, e do presidente da Associação Nicaraguense de Radiodifusores (ANIR), Miguel Blandon. Eles relataram os abusos cometidos por parte da polícia nicaraguense contra profissionais e veículos de comunicação daquele país.
Toruño está exilado em Miami, nos Estados Unidos, desde novembro, após ter sua rádio completamente destruída por um incêndio criminoso, em abril de 2018. Doze profissionais estavam no local quando o incêndio começou.
Atualmente, 60 jornalistas nicaraguenses se encontram exilados nos Estados Unidos e na Costa Rica. Ao menos seis emissoras de rádio foram fechadas.
“Podem matar um mensageiro, mas nunca poderão matar a mensagem”, disse Toruño.
Em outra ação, desta vez em dezembro, os policiais ingressaram violentamente nas instalações da Revista Confidencial, onde também são produzidos programas de televisão, e levaram documentos, computadores e equipamentos que pertenciam à revista e aos jornalistas. As agressões continuaram no dia seguinte, quando os policiais tomaram o controle das instalações da Confidencial, impedindo que os funcionários pudessem trabalhar. Nem mesmo o diretor Carlos Chamorro foi poupado. Ao se apresentar na Direção de Operações Especiais da polícia nicaraguense, ele recebeu empurrões e ameaças de um grupo de policiais fortemente armado.
”Necessitamos buscar a liberdade unidos”, defendeu Miguel Blandon.
O documento elaborado por representantes da UNARCA (União de Associações de Radiodifusão da Centroamérica), da ASDER (Associação Salvadorenha de Radiodifusores), da ABERT e das associações dos países que compõem o quadro da AIR pede à comunidade internacional que utilize todos os instrumentos legais para exigir do governo da Nicarágua o fim das repressões contra a imprensa e o imediato restabelecimento do direito da liberdade de expressão.
“Não podemos permitir que o fechamento de espaços democráticos e o agravamento da repressão na Nicarágua silenciem, intimidem ou criminalizem os meios de comunicação independentes do país”, afirmou José Luiz Saca, presidente da AIR.