Representantes das entidades do setor de radiodifusão – Abert, Abra e Abratel – entregaram nesta quarta-feira, 8, ao presidente da Anatel, João Rezende, um relatório com as conclusões de testes realizados nos últimos dois anos pelo governo japonês sobre níveis de interferência da tecnologia 4G no serviço de televisão aberta daquele país.
O estudo japonês reforça as preocupações do setor de radiodifusão, que vem alertando ao governo brasileiro sobre os riscos de interferência da internet banda larga de quarta geração na recepção do sinal de TV no padrão nipo-brasileiro ISDB-TV, e pedindo a realização de testes rigorosos para verificar as condições de convivência entre os dois serviços.
Os custos com medidas de mitigação das interferências podem ultrapassar os U$ 3 bilhões (R$ 6 bilhões) no Japão, de acordo com o estudo. O valor inclui apenas o desenvolvimento e a instalação de filtros especiais em estações de redes LTE e a substituição de antenas comuns de televisão por antenas de alto desempenho.
Outra medida de mitigação, já adotada pelo governo japonês desde 2011, é a instalação de filtros especiais em aparelhos de TV. O relatório japonês foi apresentado à União Internacional de Telecomunicações (UIT) no mês passado.
“Reconhecemos o zelo com que a Anatel e o Ministério das Comunicações têm tratado a discussão. A nossa preocupação é baseada em dois pilares: a canalização dos canais de TV e a interferência”, afirmou o presidente da Abert, Daniel Slaviero.“ Pedimos que os técnicos da Anatel esmiúcem os custos para permitir a convivência entre os dois serviços na formatação das contribuições à consulta pública e no edital de uso da faixa de 700 MHz”, declarou.
Em nota divulgada nesta quarta-feira, 8, as entidades afirmam que o cenário japonês expõe uma realidade mais grave do que governo e empresas do setor de telecomunicações esperavam, pois há uma “concreta possibilidade de interrupção do serviço de televisão aberta usando a tecnologia ISDB-T e o arranjo de frequências da Asia Pacific Telecommunity - APT , em função de interferências causadas pela banda larga sem fio LDE na faixa de 700 MHz”.
Outra preocupação demonstrada pelos radiodifusores é que, diferentemente do que está previsto no Brasil, cuja intenção é adotar uma banda de guarda de 5 MHz entre os serviços, o Japão estabeleceu uma distância mínima de 8 MHz entre o LTE e a faixa de TV.
O governo japonês também tem sido mais cauteloso em relação ao início das operações do LTE no país. Lá, a internet 4G com a tecnologia deve começar em 2015, quatro anos após a inserção de filtros especiais nos aparelhos de TV. O governo brasileiro tem pressa e fala em começar as operações na faixa de 700 MHz já em 2014, sem ainda ter concluído os testes de convivência.
Para contribuir com o processo, a Sociedade Brasileira de Engenharia de Televisão (SET) contratou a Universidade Mackenzie para realizar testes de interferência da LTE seguindo modelos e metodologias adotados pelo Japão, pelo Reino Unido e em conformidade com as recomendações da União Internacional de Telecomunicações (UIT).
Apesar de as realidades, principalmente geográficas, serem distintas entre os dois países, o estudo japonês representa um preocupante alerta para os prejuízos à radiodifusão. A UIT já possuía relatórios com testes, mas não no padrão japonês ISDB-T, que é a mesma base do brasileiro ISDB-TV.
Assessoria de Comunicação da Abert