A liberdade de expressão e de imprensa em tempos de novas tecnologias e radicalismo foram o principal tema dos cinco painéis do 11º Fórum Liberdade de Imprensa e Democracia, patrocinado pela ABERT, na quinta-feira (2), em Brasília (DF).
O conselheiro da ABERT, Flávio Lara Resende, participou da abertura e mediou o painel “A liberdade de imprensa e as relações entre o legislativo, judiciário e jornalismo”. Em discurso, ele ressaltou a importância de uma imprensa livre e citou os desafios da veiculação de informações confiáveis na era das redes sociais. “Essa liberdade é o que dá o tom às democracias consolidadas e fortes. O jornalismo profissional tem responsabilidade. Se erramos, temos compromissos e deveres. Somos responsáveis pelo conteúdo que distribuímos e nada mais justo que nossos concorrentes também o sejam”, afirmou Lara Resende.
No mesmo painel, o presidente do Conselho de Comunicação do Congresso Nacional, Murilo Aragão, afirmou que a liberdade de imprensa será ampliada com o tempo por quatro motivos: o avanço da educação, a participação da sociedade no debate político, o fortalecimento da economia e a evolução tecnológica. “A essência da democracia é a liberdade de expressão, que precede a liberdade de imprensa. A liberdade de imprensa é maior do que ontem e amanhã será maior que hoje”, destacou.
Aragão defendeu ainda que as redes sociais sejam responsabilizadas pelas informações compartilhadas em suas plataformas. “As redes sociais não assumem responsabilidade sobre o que foi dito. O que proponho não é a censura das redes sociais, mas a responsabilização. Nossa legislação penaliza muito mais as emissoras, jornais e revistas, que são expostos a processos judiciais por conta do seu exercício de informar. Porém, não é justo que as redes sociais multipliquem a informação sem que sejam responsabilizadas”, afirmou Aragão.
No painel “Os desafios do medo, do ódio e da generalização”, a subeditora de Opinião do Correio Braziliense, Rosane Garcia, afirmou que os veículos de comunicação promovem o debate e precisam ser enxergados com credibilidade, como meios que apuram e se responsabilizam pelas informações divulgadas. Ela também ressaltou a necessidade de abordar mais assuntos que impactam comunidades locais. “O estado de direito democrático é garantido pela liberdade de imprensa. Se você não admite que o veículo oferece uma informação séria e checada, isso prejudica, inclusive, as relações entre as pessoas”, disse Garcia.
Já no painel “Segurança dos jornalistas: o equilíbrio entre liberdade, segurança e responsabilidade”, o diretor para a América Latina da organização Repórteres sem Fronteiras, Emmanuel Colombié, falou sobre a nova edição do Ranking Mundial de Liberdade de Imprensa, que coloca o Brasil na 105º posição entre os 180 países analisados. “A mecânica do medo é muito prejudicial para o exercício do jornalismo. No mundo, 80 jornalistas foram mortos no exercício da profissão. Na América Latina, os jornalistas ainda são frequentemente confrontados com violência. Pelo menos quatro jornalistas brasileiros foram assassinados em 2018. Existe uma desconfiança do jornalismo que frequentemente se transforma em discursos de ódio, processos judiciais e, consequentemente, em medo de exercer a profissão”, disse Colombié.
Representantes da Associação Nacional de Jornais (ANJ), da Associação Nacional dos Editores de Revistas (ANER), do Instituto Palavra Aberta e de veículos de comunicação também participaram do evento.