A veiculação e a disseminação de notícias falsas devem ser combatidas com investimento em jornalismo de qualidade, apuração e uma profunda checagem das informações, além de mudanças no modelo de negócios das empresas de internet, com a responsabilização pelos erros. Essas foram algumas das conclusões do fórum “O Papel da Mídia Brasileira na Era da Pós-Verdade".
Promovido pela Associação Nacional de Editores de Revistas (Aner), o evento reuniu diversos especialistas, na quarta-feira (6), em São Paulo, para discutir os desafios do jornalismo profissional diante da proliferação de notícias falsas nos meios digitais.
O presidente da ABERT Paulo Tonet Camargo ressaltou que o modelo de negócios das empresas de internet precisa ser mais transparente. Segundo Tonet, estudos mostram que a credibilidade na cobertura de fatos continua presente nos veículos que "consagram o jornalismo como princípio" e que "a avalanche de mentiras precisa ser combatida com jornalismo de credibilidade".
Na mesma linha, o presidente da Associação Nacional dos Jornais (ANJ), Marcelo Rech, acredita que deve haver uma mudança na postura e nas práticas de empresas como o Facebook e o Google, que deveriam colaborar de forma mais intensa com os veículos de comunicação para a divulgação de notícias verdadeiras.
Para o jornalista e professor da Escola de Comunicação e Artes da USP Eugênio Bucci, “o exercício do jornalismo com ética irá “desmontar” a indústria de mentira da pós-verdade”.
O jornalista e acadêmico Calos Eduardo Lins da Silva acredita que a proliferação da “indústria de notícias falsas” é resultado da tentativa de criação de leis que abrem espaço para censura.
O fórum contou ainda com a participação do presidente da Aner, Fábio Gallo; do diretor geral da Editora Globo, Frederic Kachar; e do filósofo Luis Felipe Pondé.