A frase pode ser batida, mas retrata bem a atual situação do mercado da indústria de radiodifusão em meio a aceleradas transformações tecnológicas. Esse foi o tema central do terceiro painel do 29º Congresso Brasileiro de Radiodifusão, na quinta-feira (17), em Brasília.
Segundo o mediador do debate, Roberto Franco, diretor de Rede e Assuntos Regulatórios do SBT, vivemos em um mundo de incertezas, e é cada vez mais importante ouvir os consumidores para, em colaboração, estabelecer produtos mais satisfatórios para as audiências.
Melissa Vogel, CEO da Kantar IBOPE Media, apresentou uma série de dados que corroboram com o fato de que o consumidor está no comando e já se acostumou a navegar em um ambiente de hiper informação. Há hoje, segundo ela, uma tendência de as pessoas consumirem conteúdo em televisões conectadas à internet – 58% dos brasileiros têm uma TV plugada, conforme Melissa.
A executiva ressalta que o consumo de vídeo online surge em uma sociedade habituada ao consumo linear de televisão. Mas as plataformas e formatos de vídeo estão convergindo, e as empresas de rádio e televisão têm de estar atentas a esse movimento, sobretudo com a chegada do 5G, que permitirá muito mais interação do real com o virtual.
De acordo com Melissa, o consumidor também está sensível a preços, diante de um farto cardápio de serviços de streaming. Por outro lado, diz a executiva, os consumidores já compreenderam que a publicidade faz parte das jornadas de experiência, o que exige o uso de novas métricas.
Luis Bonilauri, diretor-executivo de mídia e entretenimento da Accenture, disse que o streaming é uma realidade. Segundo ele, os serviços explodiram durante a pandemia. “Nos Estados Unidos já existem 200 provedores de streaming”, destacou. Mas o desafio é grande para os produtores de conteúdo, afirmou, uma vez que 60% dos consumidores consideram um pouco ou muito frustrante navegar por diferentes plataformas.
Há, de acordo com Bonilauri, caminhos para driblar essa situação. Os agregadores inteligentes, por exemplo, são uma ótima opção: 58% consideram mais fácil navegar por esses serviços, que unificam a experiência, são mais flexíveis e personalizam a experiência.
O preço é outro problema a ser solucionado. Pesquisa mostra que 54% dos brasileiros planejam reduzir custos com o entretenimento no próximo ano para economizar. “Por isso, é importante aumentar a eficiência, complementando a receita com publicidade, expandir ofertas, aumentar a audiência paga e a não paga e dar controle para a audiência”.
Fabricio Proti, gerente geral da Paramount no Brasil, afirmou que o avanço do streaming não quer dizer que haja desinteresse pelo conteúdo aberto. “Os usuários também querem a TV aberta, publicidade e conteúdo acessível em qualquer aparelho”, afirmou. Ele também salientou que é preciso entender bem os consumidores de diferentes países, uma vez que há diferentes características regionais e locais.