Uma viagem tridimensional pelas sete décadas da televisão brasileira. Esta foi a proposta do Papo ABERT realizado na terça-feira (1º), que apresentou ao público o Memorial da Televisão Aberta Brasileira, um tributo ao veículo, disponível no memoria.abert.org.br. O entrevistado da vez foi o arquiteto e diretor de arte Marcelo Araújo, o Jackow, da empresa Caselúdico, responsável pela execução do projeto. O curador do ciclo de comemorações dos 70 anos da TV no Brasil, o pesquisador Elmo Francfort, também participou do encontro online.
Passeando pelos diferentes ambientes, o projeto buscou reconstruir atrações inesquecíveis da dramaturgia, jornalismo, esportes, infantis e programas humorísticos, entre outros. “Buscamos as atrações mais relevantes, emocionantes e de maior audiência, tentando atender a todos os pilares”, explicou Jackow. Foram utilizadas no projeto 700 fotos, 28 vídeos, além de trilhas sonoras que marcaram a TV aberta brasileira.
Entre as curiosidades, estão uma réplica do carro de Fórmula 1 do piloto Ayrton Senna e a nave em que a apresentadora Xuxa encerrava sua atração matinal diariamente. Também estão presentes os mascotes das emissoras, criados para ajudar os pais a colocar na cama as crianças fascinadas com a programação televisiva. A celebração se encerra com uma festa que reúne ídolos de núcleos e gerações diferentes.
Mas não foi só o conteúdo da TV que se tornou protagonista do projeto: diversos elementos dos bastidores foram reproduzidos com perfeição. Na década de 1950, por exemplo, é possível ver as marcações de posicionamento dos artistas no chão do estúdio. As câmeras utilizadas também foram recriadas em mínimos detalhes, e acompanham a evolução tecnológica. “A exposição virtual não foi pensada apenas para o público leigo, mas também para preservar o legado de muitos profissionais que achavam que suas histórias iriam se perder”, revela Francfort.
Ainda no quesito técnico, também houve homenagem ao designer Hans Donner, que em plena década de 1990 agregou uma estética minimalista às vinhetas, aberturas e cenários, característica vista até hoje em diversas emissoras.
“O Memorial saiu do foco regulatório, que costuma pautar as ações da ABERT, para construir um legado, fazer um resgate histórico. Somos referência mundial em termos de indústria de televisão e não tínhamos nada deste porte e com tamanha organização”, afirmou o diretor geral da ABERT, Cristiano Lobato Flores, responsável pela mediação do evento. Ele acrescentou ainda que o projeto fará um resgate da publicidade e de conteúdo regional ao longo dos anos.