Rouquidão, fadiga, falta de ar, redução da potência vocal. Essas são algumas das queixas mais frequentes de profissionais de rádio e TV que utilizam a voz como instrumento de trabalho. Embora esses sintomas sejam reversíveis, na maioria dos casos, é possível preveni-los por meio de hábitos simples. Pensando em ajudar o mercado da radiodifusão a manter a qualidade vocal, a Associação de Emissoras da Radiodifusão do Paraná (AERP) entrevistou o professor e vice-presidente do Conselho Federal de Fonoaudiologia, Francisco Pletsch, para dar dicas sobre o assunto.
Segundo o fonoaudiólogo, é preciso estar atento à respiração, articulação e pronúncia de palavras, além da projeção adequada da voz. O principal inimigo da saúde vocal, alerta, é o hábito de fumar. Ele lembra que a fumaça aquece e irrita a faringe e as pregas vocais, ressecando e permitindo a formação de edemas na garganta. Sem contar os mais de quatro mil componentes nocivos que o cigarro libera no organismo, trazendo diversos prejuízos.
Também consideradas inimigas da boa voz, as bebidas alcoólicas devem ser evitadas. Na lista de opções, as mais nocivas são os destilados, por ‘anestesiarem’ toda a mucosa bucal, a faringe e a entrada do esôfago. As fermentadas, por outro lado, possuem menor teor de álcool, portanto, afetam menos a voz.
Pletsch esclarece que consumir álcool antes de entrar no ar ou cantar, com o intuito de “aquecer a voz” é uma péssima ideia. Ao anestesiar o trato vocal, aumenta-se o risco de abusar da voz sem sentir desconforto. “Porém, no dia seguinte, começa a sentir aquele pigarro, dores na hora de falar, rouquidão, tudo isso em virtude da bebida para esse ‘aquecimento alcoólico’ que não deve ser feito jamais”, alerta.
No entanto, tomar uma cerveja uma vez por semana, um vinho no final de semana ou um cálice de vinho diariamente não afetará a saúde do trato vocal. Uma boa medida complementar, ensina o especialista, é ingerir água enquanto consome bebida alcoólica, para manter a hidratação da mucosa e melhorar o metabolismo.
A perda da qualidade da voz está intimamente relacionada a casos de refluxo gástrico. Para evitar o problema, é recomendado escapar dos alimentos gordurosos, derivados do leite e chocolate, principalmente em grandes quantidades e à noite. Jantar tarde também se mostrou danoso. Segundo o fonoaudiólogo, o ideal seria fazer a última refeição até 20h e, antes de dormir, ingerir chá ou fruta. Em relação ao sono, o ideal é repousar entre cinco e oito horas por dia.
Veja abaixo as dicas do especialista:
Cigarro e qualquer dispositivo que produza fumaça a ser tragada devem ser abolidos da rotina;
Bebidas alcoólicas só não prejudicam se consumidas com moderação, e sempre acompanhadas de água;
Jantar até no máximo 20h. Após este horário, só consumir alimentos leves;
Dormir de 5 a 8 horas por noite;
Manter-se hidratado com água pura e em temperatura ambiente;
Controlar a hidratação pela cor da urina. Se estiver transparente, é sinal de boa hidratação.
Espuma branca no canto da boca e tosse seca são sinais negativos;
Na hora de consumir bebidas ou alimentos gelados, mantê-los na boca durante alguns segundos nos primeiros goles ou mordidas e colheradas para evitar choque térmico;
Usar o diafragma para aumentar o tom de voz ou gritar gol, no caso dos narradores. Técnica simples que melhora a potência e reduz o desgaste físico;
Manter a postura ergonomicamente correta, seja sentado ou de pé, viabiliza o uso do diafragma na hora de modular a voz;
O uso de máscara exige cuidado ainda maior com sincronia entre respiração e articulação de frases. Abra mais a boca para falar e não ter a voz abafada;
Com informações da AERP