O 1º Fórum Nacional de Radiodifusão, realizado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), em Brasília, na semana passada, contou com a participação de representantes da ABERT que apresentaram as demandas e desafios do setor para os próximos anos.
Mais de 400 empresários de rádio e TV de todo o país acompanharam os painéis, que abordaram temas como as mudanças da radiodifusão com as novas tecnologias, a digitalização da TV e o processo de migração do rádio AM para o FM.
No painel “Novas tecnologias e os novos hábitos. O valor da radiodifusão em um ambiente de transformação”, o conselheiro da ABERT e membro do Fórum do Sistema Brasileiro de TV Digital (SBTVD), Roberto Franco, apresentou dados que indicam o crescimento da audiência e do tempo de exposição à televisão no Brasil nos últimos anos.
Segundo Franco, o público das novas gerações utiliza várias mídias ao mesmo tempo, combinando rádio, TV e internet. “O brasileiro quer consumir mídia tendo flexibilidade, agilidade e serviço de qualidade. Ele assiste televisão em diversas telas, por isso esse aumento de audiência”, afirmou ele.
Já o presidente da Associação das Emissoras de Rádio e Televisão do Estado de São Paulo (AESP) Paulo Machado de Carvalho Neto, o Paulito, apresentou pesquisas que mostram o crescimento do alcance do rádio em todas as classes sociais. “52 milhões de brasileiros de 13 regiões metropolitanas ouvem rádio diariamente. A média de consumo do rádio é de 4h40 minutos por dia nessas cidades”, disse ele.
Paulito lembrou ainda uma das características do rádio, que permite ao ouvinte desempenhar outras atividades enquanto escuta a programação. Segundo ele, uma pesquisa recente mostra que 23% das pessoas escutam rádio e usam a internet ao mesmo tempo, 17% assistem TV simultaneamente, 14% escutam rádio e leem jornal e 13% ouvem rádio lendo revista.
Como prioridades do meio rádio, Paulito destacou os desafios apresentados pelo presidente da ABERT, Paulo Tonet Camargo, em painel anterior. “É necessário, de forma urgente, a destinação da faixa estendida para as rádios que estão migrando e a necessidade de que os receptores sejam produzidos com a faixa estendida, de 76 a 88 MHz”, concluiu.
No painel “A jornada da TV digital brasileira e o desligamento do sinal analógico”, o consultor e membro do Fórum Brasileiro de TV Digital, Fernando Bittencourt, explicou a escolha do padrão nipo-brasileiro para a digitalização da TV no Brasil. Ele falou ainda sobre a cooperação entre governo, pesquisadores e academia para criar a tecnologia nacional.
O presidente da Seja Digital, Antônio Martelleto, também participou do painel e descreveu o processo de distribuição de kits digitais gratuitos para as famílias de baixa renda. “O que a gente fez no projeto da TV digital foi escutar o que a população estava falando e colocar as pessoas no centro do processo”, afirmou Martelleto.
Já Alex Azevedo, da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), apresentou os resultados do desligamento do sinal analógico, que permitiu liberar a faixa de 700 MHz para a tecnologia 4G.
As novidades e previsões para o futuro da televisão foram abordadas pelo diretor de Tecnologia do Grupo Globo, Raymundo Barros, e pelo presidente do Fórum SBTVD, Marcelo Amaral, no painel “A TV no mundo”.
Para Barros, as novas tecnologias prometem mais interatividade, autonomia e conteúdos personalizados em um futuro próximo.
Já Marcelo Amaral explicou que, com a padronização de um novo perfil de interatividade, o DTV Play, será possível o desenvolvimento de novos serviços convergentes entre a radiodifusão e a internet.
No painel “TV aberta – cenários nacional e internacional”, o diretor geral da Associação Internacional de Radiodifusão (AIR), Juan Andrés, ressaltou que o futuro da TV depende da preservação do espectro em todo o mundo.
“A TV é fundamental para o exercício da liberdade de informação e para a preservação e fortalecimento da democracia, no entanto, para que isso continue ocorrendo, hoje e no futuro, é imprescindível a preservação do espectro radioelétrico, por meio de onde se emitem o sinal e o conteúdo”, disse.
Andrés lembrou, ainda, que o Brasil sempre foi protagonista, nas reuniões da Conferência Mundial de Radiodifusores (CMR), em relação à defesa do espectro para a TV aberta. A próxima conferência será em novembro, na Suíça. “O Brasil deve seguir o forte trabalho, protegendo a radiodifusão aberta e livre”, concluiu Juan Andrés.