O impacto da pandemia COVID-19 na sociedade foi o tema discutido pelo filósofo, professor e escritor Mário Sérgio Cortella durante o AESP Talks, encontro online promovido pela Associação das Emissoras de Rádio e Televisão do Estado do São Paulo (AESP), na quarta-feira (20). O evento foi mediado pelo presidente da AESP, Rodrigo Neves.
Cortella destacou a importância de as pessoas passarem por esse período de pandemia focadas na união e na busca por soluções. “Precisamos entender que os pontos de divergência são bem-vindos. Mas, hoje, o que temos não é só a divergência, há exclusão. Já é muito ruim ter que lidar com o vírus, ainda mais sofrendo com a desorientação, sem uma convergência de ideias mais direta”, afirma.
Segundo o filósofo, "se por um lado a tecnologia tem permitido mais mobilidade e conectividade, ela também tem contribuído para o enfrentamento e até o distanciamento entre as pessoas". O fato de se organizarem em grupos fechados pode gerar a impossibilidade de percepção e absorção de algo distinto e de fora do meio no qual estão inseridas.
“A tecnologia traz uma instantaneidade das reações. As pessoas respondem imediatamente e caem na armadilha da espontaneidade, marcada muitas vezes pela fúria do momento. Se eu demoro para reagir a uma fala não quer dizer que perco a energia da resposta, mas que vou refletir e buscar o equilíbrio antes de responder. E isso vale tanto para situações de agressão verbal ou elogio exagerado”, explicou Cortella.
Para ele, essa é a hora de colocar a humanidade à prova, principalmente, as elites mundiais que nunca viveram um momento de conexão e contágio tão grande. Esse cenário vai trazer impactos, inclusive, para o nosso comportamento como consumidores e relacionamento com as marcas. “Não vamos aceitar olhar para empresas que levam vantagens em cima da ferida dos outros ou que querem viver ou sobreviver às custas disso. Aquelas que não se atentarem ao esforço coletivo não terão a mesma perenidade e fidelidade de hoje”.
Importância do rádio e da TV
A pandemia trouxe ainda mais destaque, credibilidade e responsabilidade para os veículos de comunicação, que estão mais convergentes, na opinião de Mário Sérgio Cortella. “Apesar da possibilidade de qualquer pessoa produzir conteúdo hoje, nada se compara à estrutura dos veículos que disponibilizam as informações de forma mais organizada, democrática, metódica e checada, mesmo que ainda existam pessoas que não reconheçam a relevância do papel da mídia como formadora de opinião dentro da nossa sociedade”, ressaltou.
Cortella encerrou o encontro online com uma boa dose de “otimismo ativo”, como ele mesmo define. “Eu sempre ouvi dos meus pais a frase ‘Não há mal nem bem que sempre dure, nem mal que nunca acabe’. Não é indicador de conformidade, e sim, entendimento da realidade. Precisamos ter a convicção de que é possível diminuir o sofrimento alheio, buscando soluções de forma conjunta, investindo em ações de solidariedade, e não apenas ficar esperando ou simplesmente desistir”, disse. “E quando tudo isso acabar, por mais difícil que tenha sido, que a gente não se sinta envergonhado pelo que não fizemos”, completou.
Outros temas da semana
Além da conversa com Cortella, a AESP promoveu mais duas rodadas de debates ao longo da semana. Na terça-feira (19), foi a proliferação de lives transmitidas por redes sociais. Os convidados para abordar o tema foram a CEO do Kantar Ibope, Melissa Vogel, e o presidente da Associação dos Profissionais de Propaganda (APP), Ênio Vergeiro. Na pauta, o comportamento das empresas e dos consumidores diante das transmissões de shows online e projeções para o desenvolvimento dessa tendência.
Na quinta-feira (21), o convidado foi o médico de família do Hospital Albert Eistein e apresentador de TV, Antonio Sproesser. Em sua participação, ele abordou a importância dos protocolos, de manter os tratamentos de saúde, alimentação e mente saudável e destacou a importância da mídia no contexto atual.
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